Pedras.

SOBRE IR RENASCENDO ENTRE PEDRAS, FLORES E ESPINHOS OU PARA EU PARAR DE ME DOER:

O maior desafio dessa fase entre não ser nada: nem jovem demais, nem velho demais, essa fase dos trinta anos é um caminhar em um abismo deserto.

Nessa fase, onde há quase dois anos venho tentando me redescobrir, depois de longos dez anos de uma sequência de relações românticas, afetivas.

Relações em que experimentei os dois lados da moeda, do afeto, do amor: em alguns momentos estive abusivo em algumas relações e, em outras me senti do outro lado da janela, tentado prestar atenção em cores, muitas vezes borradas pelo ciúme, pela mesquinharia, pelo rancor.


Como entender que a gente muda em meio ao caos, em meio a tranquilidade aparente que o tempo parece nos dar? Hoje sei que experimentei os dois lados com menos culpa, sem deixar a responsabilidade da minha vida nas mãos de outra pessoa, de outras pessoas.

O grande lance, talvez, seja estar mais atento a si, atento com carinho, com amor, com afeto. Um estar atento sem chicotes na mão, o estar atento tentando saber que tipo de liberdade vai ser neste momento pra "deixar o meu amor crescer e ser muito tranquilo".

Algumas pessoas me perguntam por que o status de relacionamento do meu facebook te, "viúvo", eu também questionei Simona sobre o dela. E a onda é a seguinte: chega um momento em que a gente precisa matar a gente mesmo, metaforicamente (embora já tenha tentado suicídio, graças as deusas, não deu certo), quantos de mim se transformaram, se transformam no Thiago de agora, que se constrói; quantos amigos ficaram no caminho porque eu precisava seguir...

Estar nessa corda bamba no meio do deserto é sobre isso: saber que você é genuinamente sozinho e tudo bem por isso. É saber-se pouco disposto para investir em relações sem recíproca; não estar muito disposto de ser sempre aquela pessoa que chama, que convida, que quer perto, é se perdoar por isso, também.

Chegar aos trinta é saber que não está tão disposto e amigável para sair desesperadamente procurando amigos de porres, amigos que não querem ouvir o que você trás dentro do peito, mesmo que a gente saiba que é sobre isso que a gente quer falar, quer ouvir, mas é perdoar tudo isso.

É saber que a gente conhece muita gente em uma noite, mas que na lista telefônica, amigos de verdade são três, quatro, dois? Quem gosta de você quer saber de você, te procura, se encontra, te acolhe antes de te pregar na cruz.

É se perdoar e deixar ir quem quiser ir, de saber que onde não acreditam em você, onde tiram sua paz, suas características, seu brilho é a certeza de não é pra se demorar. Não preciso de amigos puxando meu tapete a toda hora, basta o teatro pra me deixar nu, basta a poesia.

Talvez tentar gritar no abafado que eu não permito mais que alguns amigos façam o que achavam que era legal de ser feito enquanto eu estava perdido, é não deixar que me deixem no relento e isso não tem nada a ver com eles, é o amor permissivo que a gente acha que "deve" fazer.

Chega uma hora que os amores deixam a gente nu, no escuro, exposto até a alma e a esse tipo de amor, eu desejo sinceramente toda a liberdade do mundo, que possam voar para bem longe de mim, porque aprendi com a poesia que "da perda à pedra, a queda é livre".

Vou seguindo me amando e dando conta das minhas questões que são infinitas, vou seguindo me segurando de pé pelas orações da minha mãe, pelo amor gratuito de quem me ama verdadeiramente.

Desejo amor e amor de muito em todos nós, amigos, amores, afins... Podem vir!

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