Sobre profundidades ou um conto de amor.
Sair dali, se segurar
dez anos entre mudanças infindas e outros lares que me acolheram, com muito
amor, sempre gostei de me envolver e os caminhos levam a mesmo lugar: família.
Nem vou falar o que e a quem eu encotrei nesses dez anos pela jornada, mas
afirmo que há muito, muito, muito amor envolvido. Conheci tantas cenografias
diferentes, geografias, climas, horizontes, drogas, música, o que era umas
comidas chiques, filmes, Clarice Lispector, teatro, dança, poesia, Kesia,
Álvaro, Alessandra, todos esses mundos eu conheci através dos meus amigos que
sempre me deram suporte para os desentendimentos de cada rua, de cada bairro,
de cada cidade desses mundos, a mulher vai comer uma barata e descobrir o
mundo? Que passassão é essa? Aprendi o que era metáfora. Queria ser frade
franciscano, mas desisti pra viver um amor com um homem que me faria descobrir
a vida. Quando a gente se conheceu olhamos as estrelas, em uma noite de Natal
(data de comemoração de relacionamento, isso é outra história) e eu, no auge
dos meus 17 anos recém completados estava me cagando de medo, com todos os
sintomas que narrei em outro momento, nessa época, o Machadão do Alecrim
parecia que era chegar em Recife, eu desconhecia aquela parte da cidade, nunca
tinha visto alguém da televisão no palco e um alguém tão iradao como Ney
Matogrosso, o cenário Ideal para se começar a mais bonita história de amor que
eu viveria na minha vida! Essa história começou também no mar, palestrei sobre
a minha vida, nada no bolso ou nas mãos: apenas eu ali, olhando praquele homem
que eu trocava mensagens secretas de Orkut, aquele homem a quem eu entreguei um
livro falando sobre a minha vida, eu queria que aquele homem me conhecesse, eu
queria falar de mim pra ele, porque eu não sabia como encontrá-lo longe do que
fazíamos juntos, eu só sabia escrever, não sabia digitar e mandar uma mensagem
dessa no secreto do orkut ia ser deletada e não lida. Eu era mais tímido do que
eu sou em 500% a mais, eu falava pouco e resolvi falar com nossa senhora pra
que ela me envolvesse e fazer essa entrega. Foi o processo mais lindo da minha
vida! Dolorido, prazeroso nós nos olhávamos com amor, deixávamos bilhetes,
fazíamos tapioca com ovo no café, fazíamos feira, lavávamos um a roupa do
outro, fazíamos jantar, cortávamos as unhas, os cabelos, passeávamos era muito,
chupava um ao outro com o carro em movimento, eu achava que amor era isso, eu
tinha encontrado um espaço de leveza de uma parte e achado uma desestrutura de
todas as esferas, principalmente do meu psicológico e emocional, éramos um
casal feliz, tranqüilo e de cura para os dois: a minha mais intuitiva, a dele
mais consciente para um capricorniano com a idade de Cristo. Ele: Jesus e eu: a
Cruz! Depois eu mudei de lugar e vi como é chato pra caralho! Nesses casos a
Suzana ta certíssima: sem paciência para iniciantes. Esse homem me olhava com
atento, com atenção, com delicadeza, com olhar de poesia, de exortação. Ele foi
a minha família durante muito tempo. Como alguém pode dizer que não tem, ou não
sente amor? Como transformar um fato isolado, no caso uma “traição” pondo a
perder todo o jardim que cultivamos? Pois é, eu não pensava assim com 17 anos.
Mas aprendi que podemos ser delicados e termos um pouco de noção sobre os
espaços e os jogos que já estão firmes e só funcionam se jogar em dupla, com
todas as exceções do mundo. Eu também trepei com mais pessoas, mas no final do
dia eu queria ouvir a ligação: “neném, to chegando” era agarrado com ele que eu
queria dormir, era com ele que eu queria fazer, ou oferecer um jantar, tomar um
banho juntos, ouvir uma música (a gente tinha o hábito de apresentar um ao
outro coisas interessantes, inclusive pessoas), era com ele que eu queria
montar a árvore de Natal branca com bolas vermelhas quando fosse necessário,
era o peido da gente misturado que eu queria fazer, era com ele que eu queria
chatear. E assim foi! Como o meu corpo, o meu emocional, a minha trajetória, o
meu olhar se comporta diante dessa história de amor? Eu não tinha noção de me
fazer essas perguntas, porque certamente quando se está desesperado, acho que a
última coisa que se tem é noção! Psicologia? Yoga? Missa? Mar? Droga? Qual o
caminho? Minha mãe saberia? Quando terminamos era assim que eu estava, não
conseguimos lidar com o amor!
Comentários
Postar um comentário