Trechos de pesquisa: Perto do Coração Selvagem, Lispector.

“Agora as criaturas não eram admiradas no seu interior, nele fundindo-se. As relações com as pessoas tornavam-se cada vez mais diferentes das relações que mantinha consigo mesma. E o que ela oferecia aos passos dos estranhos era areia incolor e seca”. (C.L. Trecho de Perto do coração selvagem – o banho)

Gostavam-se de um modo longínquo e velho. (C.L)

Na areia seus pés afundavam e emergiam de novo pesados, o mar rolava escuro, nervoso, as ondas mordiam-se na praia. Era a segunda vertigem em um só dia! Estou cada vez mais viva! Estou subitamente mais livre! Com mais raiva de tudo, sentiu triunfante.
Não era raiva, era amor, amor tão grande que só esgotava a sua paixão com a força do ódio!
Como a chuva que rebenta, podia existir!(C.L.)

Queria fugir, correr para a praia, deitar-se de bruços sobre a areia, esconder o rosto, ouvir o barulho do mar...
Ela olhou com olhar de quem sabia que ela desejava a praia...
Seus próprios pés flutuavam...(C.L.)

- Não sei! Respondeu depois de um curto silêncio
- Talvez você seja feliz alguma vez, não compreendo, de felicidade que poucas pessoas invejarão. Nem sei se pode ser chamado de felicidade.
Talvez você não encontre mais ninguém que sinta com você, como... (C.L.)

É uma víbora. É uma víbora fria, nela não há amor nem gratidão. Inútil gostar dela, inútil fazer-lhe bem. Eu sinto que essa menina é capaz de atar uma pessoa... (C.L.)

- papai, que é que eu faço?
- Eu já lhe disse: vá brincar e me deixe!
- mas eu já brinquei, juro!
Papai riu:
-mas brincar não termina...
- termina sim.
- invente outro brinquedo.
- não quero brincar nem estudar!
- quer fazer o quê então?
Joana meditou:
- nada do que eu sei...
- quer voar? Pergunta papai distraído.
- não, responde Joana. – pausa – o que é que eu faço?
Papai troveja dessa vez:
- bata com a cabeça na parede! (C.L.)

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