Receita de ser de dois.

Fiz uns planos que te cabem, não te perguntei por achar que se juntam os planos, os panos de quem se amam.
Tudo bem que as tuas roupas já estejam no varal, na minha gaveta, no armário que ninguém abre.
Que os teus pertences tenham ficado, quando só você é que se foi.
Os retratos continuam sorrindo, e eu continuo bebendo pra esquecer os planos, os sorrisos, a dor.
Sem vagabundagem de amor, é que os becos estão de quarentena, pra você ficar aqui, ninguém mais, tudo está alargado.
Continua alagar a casa, teu perfume, teus odores, uns ardores noturnos que me causam a tua presença.
Que invade o plano que era meu e seu, que de ser demais, ser de dois, foi de nada, apenas seguiu.
Que plano foi o de fugir, mas os mapas e os rios só levaram a um lugar, o pedaço de qualquer coisa que deixaste no portão. Da carta, do abraço, e de tantas outras coisas que não passaram do portão.
Alguma coisa deu pra ser feita com a palma da minha mão, mas foram tantas folhas em branco pelo caminho, que eu acabei dormindo de mim, de ti, por sermos dois.
E por querer lembrar de tudo, esqueci foi de mim.
Se aperrei não, suas coisas ainda estão aqui, e quem tem que pegar é você, já que as trouxe.
No mais, siga seu caminho, eu vou me virando no plano de ser dois.

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