Tão feliz ser triste.

Uma alegria que me faça desejar balões no céu! Que o coração dessa tarde possa sentir essas coisas por mais tempo.
Arrumar o armário despretensiosamente, assim como quem quer arrumar os pensamentos, o cheiro do lustra móveis, o incenso, o desenho que os objetos fazem no quarto.
Procuro alguma coisa de quente e inesperada para a noite, essas coisas que somente disfarçadas vão embora, escolho a fantasia de ser menos só e triste, pelo açúcar a preencher as veias e os pensamentos.
O som do ventilador, como uma sinfonia clássica, faz bem aos ouvidos de uma pessoa sozinha a meia noite de um domingo. Os domingos parecem martelar o juízo, e testar os sentimentos de um ser humano, como se nos jogássemos no mar e engolisse água pelos ouvidos e pelo nariz, e aqueles pulinhos que damos é só o desejo de esvaziar a cabeça de tanto zunido.
O que fazer para que o domingo vá logo, antes que alguém aqui se machuque! Arrumo todas as camisetas, separo as com manga, as regatas, as de algodão, as de malha. E nesse dobra – dobra, para organizar o pensamento.
Esse de que as coisas estão simplesmente “pelaí” e muito há de se fazer para que as sinfonias que ventilam a noite possam clarear os outros dias, porque esses de domingo parecessem ventilar dores.
E o bolo de chocolate cheio de açúcar e calda de chocolate, acelere os pensamentos meus e me ajude a terminar de organizar a minha vida, que hoje cabe em uma sacola. Cabe onde quer que eu vá.
Indo a todos os lugares, me sinto de cada um deles e de nenhum. Assim como as coisas da casa estão jogadas no meio de tudo. Assim como os garfos e as colheres se separam, pra na hora da comida encontrar, alguma serventia pra existirem.
E eu vou com o meu domingo, todo perfumado, pelo vento da solidão que me traz o ventilador soprando o cheiro do hidratante, do lustra móveis e do talco que fazem companhia a ele agora, eu tenho só eles e meu bolo de chocolate a alegrar a noite.
É tão triste ser feliz!

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