a cor do carnaval é vermelho sem fim.

eu imagino seu sorriso vindo pra mim. imaginava a cor do seu sorriso chegando. pra mim. mas ou foi de raspão, ou não consegui ver. você não me viu. vivo hoje num esforço sobre - humano pra continuar a ser o que eu descubro. um esforço cheio de cacos de vidro. é como se agasalhar em noites cheias de nordeste. e você não me viu. meus olhos se encheram do carnaval da tua presença. minhas mãos. meus braços teimavam em querer. te abraçar. mas era tudo tão vermelho demais. quente demais. abafado demais. que me vistes como quem faz raio x. como um revela - dor de imagens. e na pele habita todo o sofrimento do sertão. por dentro alguém em virgília pede proteção. e a sensação de hoje é de casa cheia de gente querendo festa. cancelando a espera. um estandarte de pensamentos acamados me recebem. perseguição. uma chuva colorida de gente me transborda de tempo. espaço. festa. a cor do carnaval é vermelho sem fim. como uma roseira florida. cheia de rouge carmim. como a voz de alceu. na dança que não tivemos meus pés se cortaram. sem desilusão. o amor de carnaval é assim. vermelho. como um efêmero. dentro ainda arde teu estandarte. dentro ainda restam pedidos de carnaval. e hoje eu só consigo ser assim: um animal sem máscaras e pintado de vermelho.

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