limpeza, ou para os olhos de dentro.

Joguei ao mar toda água das geleiras que derreteram no banho.
No corpo resta uma dor, como um mapa.
Feridas em carne viva ilustram países e cidades de dentro,
porque as geleiras derretem.


As marcas fortes de um novo mundo são como cortes lentos.
Profundos, deixam os ossos à mostra.


O medo de explorar países desconhecidos é salgado,
e líquido
e escorre
pelos olhos.


A água escorre, como uma dança,como as nascentes.


Re nasce uma estranheza com o derretimento das geleiras,
elas movem o mundo com a força de suas águas derretidas.
Elas movem o meu mundo, inundam dentro.


E fechando os olhos é como se eu pudesse ver e sentir as mudanças climáticas com o derretimento delas.
É como se eu pudesse sentir, não viver.
É uma segurança escura, derreter geleiras de olhos fechados.


E ao invés de fria, a água que escorre e inunda é quente.
Cai o couro,
mostra peles,
mostra ossos.


Deságuo em mares salgados não menos noturnos do que os meus olhos,
que não são doces.
Mas naufragam de esperança.




(...)

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