interrupções ou as cadeias nervosas agitadas em dias chuvosos.
Queria chorar até gastar, acho que estou cheio de água por
dentro e que elas podem me salvar estando fora, quero chorar em outro lugar,
acho que chorar assim, dentro de casa tão patético. Queria chorar de frente
para o mar, sentir suas ondas se juntarem as minhas. Mas não, eu estou sem
coragem, não consigo dar um passo mais adiante de onde estou isso pode ser
preguiça, isso pode ser dor, isso pode ser amor, isso pode ser alegria. Talvez,
tudo pode ser, pode ser um espaço. Quero chorar a despedida de Nina, a saudade
de casa, a minha vida e o meu desejo de morrer. Estando perto do mar sinto que eu
reflito sobre a minha morte e logo penso no futuro, viver é de muita coragem e
eu que sou medroso em vida, talvez em morte seja mais corajoso? Não sei, o que
eu não sei tem me instigado mais. Com muito cansaço, eu vou dormir. Dormir é
quase morrer. Aí vêm os sonhos e me lembram de que eu estou. Que eu estou
quase. Que eu estou vivo. Eu estou assim, meio sangrando. Meio sangrento.
Sangrando ao meio, feito mulher. Feito um vermelho. Sendo feito. Aceitando
interrupções que desfigure, desconstrua. Marítimo que sou me construo com água,
me es – barro, modelo-me em distâncias, me transformo. E choro. E grito. E
gozo. As oscilações das ondas e das marés me inundam. Nada preenche tudo é
extenso, vazio, como a luminária que gira, como o mundo que todas as noites
adormece, escurece. Acho que é assim o meu mundo, ele escurece mesmo não sendo
de noite, hoje pela manhã escureceu, tudo era cinza demais, o azul ficou
escondido e eu me alegrei por saber que ele estava o tempo todo oscilado, mas
estava ali, sei lá onde. Não quero me render a entender, a me segurar, me lanço
aos ventos do mundo, acho que é o vento que gira o mundo, será? Por enquanto
não sei mais nada, deixo-me mundo. Deixo-me vento. Deixo – me. Mudo. Mundo.
Vento.
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