adios ou medOnhos

"Que se há de fazer com a verdade que todo mundo é
 um pouco triste e um pouco só?"
(Lispector).

eu eu ainda continuo com medo de ficar sozinho
de escuro, de colocar o dedo em baixo da pia
ou em lugares frios e desconhecidos
eu ainda continuo com medo de tomar banho de
olhos fechados no chuveiro
ando com medo de entrar no mar e ser surpreendido
por uma sereia, por um golfinho
medo de acreditar em anjos, vai que eles existem
tenho tido medo da existência
que me faz ser tão persistente...
ando com medo dos meus dentes caírem
medo de sorrir pro mundo
de não saber quem são as pessoas
ando com medo de gato, de cachorro
e medo de comer gatos e cachorros 
enganado por algum churrasqueiro

o desconhecido me afeta
me agonia
tenho medo de morrer de câncer de garganta
a solidão ainda é mais amena

ando com medo dos remédios, eles curam a gente
muito rapidamente
as minhas lágrimas andam com medo de cair
por isso tanto suor
ando com medo de acreditar nos que comigo dormem
tenho medo de lagarta, formiga e escorpião
ando com medo de falar sobre política e religião

meus medos são reais e não me abandonam 
ainda ando com medo de homens
e de mulheres
e de colheres viradas para baixo
e de ladrão, nem que seja de sorrisos

(...)

Comentários

CurAtivos