no fundo sempre sozinha ou das riquezas do café

ele veio me ver
eu não o vi
brincou de se esconder
lavou o rosto
enquanto eu fazia o café
passou tão rápido
que eu não consegui ver
ele me filmou e eu continuei a fazer o café
me espiou pela janela
enquanto eu atormentada pelo líquido negro
o esperava
me tocava
ele me ignorou
e o café só fez o amor aumentar
ele me viu e não me falou

eu preferi ficar escondida mesmo sem saber
com os olhos cansados de esperar
ardendo de suor
embaçada da fumaça do café

ele sentiu meu cheiro pela extensão do café
eu parei
me molhei do líquido que não sabia se era meu, dele ou do café
me lambuzei inteira

e ele foi embora
apressado
excitado
e talvez feliz

(...)

Comentários

CurAtivos