uma carta antiga ou para um amor que saiu por aí

fiz uns planos que não te cabem. não te perguntei por achar que os planos se juntam sem saber, os planos dos que se amam.
tudo bem que as tuas roupas já estejam no varal, na minha gaveta, no armário que ninguém abre.
tudo bem que os teus pertences tenham ficado, quando só você que se foi.
os retratos continuam sorrindo e eu continuo bebendo para esquecer os planos, o sorriso e a dor.
os becos andam e eu estamos de quarentena, cheios das vagabundagens de amor que tudo me causou, estão claros e te chamando para que você fique aqui, ninguém mais.
está tudo alargado.
continua alagando a casa o teu perfume, teus odores e uns ardores noturnos que me causam a tua presença.
que invade o plano que era meu e seu.
que de ser demais
ser de dois
foi de nada...
apenas seguiu.

o plano foi de fugir, mas os mapas e os rios salgados só me levam a um lugar.
o pedaço de qualquer coisa que deixaste no portão: das cartas, abraços e de tantas coisas que voltaram da porta de tua partida.
alguma coisa eu fiz nas tantas folhas em branco que segurei pelo caminho.

por querer lembrar de tudo, esqueci foi de mim.

se aperrei não, suas coisas ainda estão por aqui e quem tem que pegá-las é você, já que as trouxe.

no mais, siga seu caminho e
eu vou me virando em outros planos 
de ser de do(í)s.

Comentários

CurAtivos