das noites em rituais ou das PARtIDAS

não resistirei a essa ternura antecipada de origens.
não resistirei a essa ternura toda de uma vez
um ranço muito grande
receber de um todo tanta ternura. em meio a essa embriaguez infinita.
tudo estava muito arriscado de sonho. eles se viram em seus olhos.
reconheceram pelas retinas jovens e claras - pontos de chegadas
esperando uma partida desesperada.
sabiam que toda chegada antecipada vem seguida de par tidas doloridas - quando se quer cais.

ele abriu  porta sorridente - e como sempre, por dentro já era um desespero
entenderam que havia algo mais para ser dito.

livros espalhados, maços de cigarros vazios.

essa chuva que não cessa
essa febre que não passa.

um braço roçando delicadamente no braço do outro.
(havia uma beleza ali)

seu sorriso branco foi - se amarelando ao não saber da possível descoberta - uma ternura.

o coração de ambos acelerou - sentiram quase que simultaneamente - desde o primeiro encontro - uma ternura.

era chegada a hora penosa, de naquela noite chuvosa, voltarem para suas rotinas tediosas.
gotejaram lágrimas disfarçadas de chuva, um deles já podia partir.

o outro já sabia dos hábitos que ficam nas noites de partidas.

perante a noite
perante a chuva
perante ao que não ia acabar tão cedo.

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