medo de amar ou medo de ser livre (por Michelle Ferret)

O corpo resiste
A alma finge que existe
e tudo é resiliência
nesse mundo de dor
o amor é pouco
e tudo falta
desde a mesa farta
aos grãos e sementes
inexistentes
nas frutas genéricas
transgênicas
querem ainda assim
classificar por gênero
o afeto, o sonho, o sexo
símbolos de inventos
invertidos corações
rarefeitos
medo da transcendência
medo de viver mais
melhor
que importa se o pato é macho
se a mulher sorri
ou se a puta goza
quem deseja sempre alcança
e o mundo não quer isso
é mais fácil colocar numa prisão
uma infância inteira
do que criar adultos fortes
não se pode sonhar mais
resta essa placa em vermelho
para sinalizar o que é dito
nessa liberdade velada
mentirosa
e sujeita aos crivos de quem se acha superior
foda-se quem me cala a boca
o céu é aberto e infinito
assim como nossos pensamentos
que ninguém pode aprisionar
nem com grades, nem com nãos
nem com uma lei triste
que joga vidas num vazio imenso.

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