ritos de passagens ou selvagerias de domingo

Chegaram as tardes em que toda chuva que cai parece querer lembrar o domingo
Das vespas
Dos zunidos
Da cidade vazia
E a solidão desencaixada.

Chegou o grande momento onde faz frio por todas as partes
E sobra espaço  cama  travesseiro   nas carnes de dentro

Café quente
Cigarro aceso
Cidade cinza
Sono sem fim

Chegou a época – é sempre em dezembro
De todos os dias parecerem domingo à tarde:
na hora do faustão, a sala vazia, a ressaca e
aquele escuro silencioso e torturante

teço sozinha:
toalhas sinos e todas as canções

ainda tenho química pra adormecer o corpo

emagrecer um pouco dessa realidade
essa solidão disfarçada de dezembro:

agonias trêmulas deste amor silencioso.

Café quente 
cigarro aceso 
e uma tontura:

a química fez o efeito,
o desmaio é livre
posso até chama-lo de sono e 

dormir rezando para que não seja ainda domingo, quando eu acordar.

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