Cotidiano.

Desço os batentes diariamente, dou um giro de quarenta graus: se há febre a casa não sabe, meu corpo é que sente.
Sento na cama, olhos a bagunça que parece se estender, de dentro, de mim.
Sigo o passeio, como quem vai partir.
Quebro meu pé em cinco partes, não choro. Me puno pelas torneiras todas que quebrei. Por todas as vassouras, por todos os carrinhos.
Me puno, com a dor e ela nem dói. É como esfrega-lo no piso vermelho de vovó, aquela coceira atrás dos joelhos, a saudade de sempre.
As mãos de tão inquietas saem quebrando tudo. Tudo o que toca. Em tudo que toca.
Subo os batentes. Passo a alfazema. Visto a camisola do dia e deito. Mais uma vez. Pra saber de nada, no fim.


(continua)

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