Lady ou Reluz os cacos
Billie,
Não sei contar quantas garrafas: uísque, vinho, cerveja... Qualquer álcool que me ajude a suportar os doloridos da alma.
Aquele gosto de barro na boca e sempre - sempre a incerteza de saber:
morremos um pouco a cada garrafa, ou elas que nos ajudam a fingir que estamos vivos?
Quantos cigarros e aquela tosse, quantos gemidos,
Billie, de dor, prazer.
A morte sempre me espreita, estamos à beira.
Ainda finjo, ainda blues, sou a Lady na avenida ouvindo sua voz.
Bato uma garrafa na outra e finjo que acalmei a solidão.
Esqueço quando lembro tua voz que hoje é domingo
Viver é terrível, Billie!
Amanhecemos quebradas:
garrafas
amor
eu e
você.
Fingindo essa semeadura de dor, desafeto e asfalto e a tortura mais terrível:
cada gole, um sofrimento pisado, o sangue abafado dentro do espelho:
os prismas inteiramente quebrados, vazios e lúdicos
(não cessa)
...
Em ocasião do show-tributo à Billie Holiday, da cantora Bruna Hetzel.
Não sei contar quantas garrafas: uísque, vinho, cerveja... Qualquer álcool que me ajude a suportar os doloridos da alma.
Aquele gosto de barro na boca e sempre - sempre a incerteza de saber:
morremos um pouco a cada garrafa, ou elas que nos ajudam a fingir que estamos vivos?
Quantos cigarros e aquela tosse, quantos gemidos,
Billie, de dor, prazer.
A morte sempre me espreita, estamos à beira.
Ainda finjo, ainda blues, sou a Lady na avenida ouvindo sua voz.
Bato uma garrafa na outra e finjo que acalmei a solidão.
Esqueço quando lembro tua voz que hoje é domingo
Viver é terrível, Billie!
Amanhecemos quebradas:
garrafas
amor
eu e
você.
Fingindo essa semeadura de dor, desafeto e asfalto e a tortura mais terrível:
cada gole, um sofrimento pisado, o sangue abafado dentro do espelho:
os prismas inteiramente quebrados, vazios e lúdicos
(não cessa)
...
Em ocasião do show-tributo à Billie Holiday, da cantora Bruna Hetzel.
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