M A R .

mar:

o que busca o homem que atravessa atlânticos com suas mãos inquietas?
oceanos de profundidades vazias.

o que querem os homens com seus vazios sonoros desafiando os desejos?

sabia que o mar estava mais aberto do que o profundo corte que carregava em seu peito.

sabia que não havia mais destino e onde chegar agora seria caminhos de águas - nenhuma delas potável

a vida é descoberta por instantes: arrecifes aranhando as camadas de pele por dentro, inverno ou verão: tudo agitado, tudo confuso por dentro

o homem sabe que com o mar é o encontro mais livre e achar-se é uma tarefa das mais difíceis, tudo é desejo, pra que encontrar portos?

pros homens do mar a vida está sempre de partida.

arremendar perda perda pedra por perda nessa rede que não para de ser tecida nunca

sua proa recomeça e a vida navega no mar dos olhos

bicho-homem a gente só sossega quando chega, mas chegar é onde?

será que precisa da eternidade para se decifrar uma pessoa? 
pessoa a gente decifra quando come?
pessoa se decifra?

assim deságua a maré nos olhos e desse jeito te sinto possível, te sinto potável, há muitas águas no entre nós, desfazendo as rochas de mar embrutecido de nossos peitos.

todo o desejo é navegar.

via direta, 06 de maio de 2015. 18:37 p.m (enquanto espero escrevo uns versos, depois rasgo).

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